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Assumir a Minha Verdadeira Identidade

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20 de novembro de 2019

Palestra Ministrada na Conferência Afirmação Brasil em São Paulo 2019

Por Sandra Cristina Moraes

 

Começo, lendo as escrituras Gênesis 27. De acordo com a leitura o Pai queria dar ao mais velho como bençãos de direito, mas a mãe querendo proteger o filho mais novo sem as bençãos, criou uma situação para enganar o pai.

A gente passa toda uma vida sendo aquilo que a gente realmente não é, mentindo para agradar aos outros, para não achar que o senhor não vai nos abençoar por não sermos o primogênito. Com isso podemos nos prender no armário para poder perder os privilégios da igreja ou do trabalho.

Se eu tivesse participado da atividade de ontem, eu não teria perdido minha casa pois eu não morava em área de risco, eu não estudei na escola pública eu estudei na escola particular, eu recebi mesada a minha vida toda, eu estaria bem a frente, mas todo peso da outra palavra que era a questão religiosa teria me puxado para trás, não que eu tenha magoa da igreja, porque ela me formou como pessoa, ela me deu os valores e tenho amor enorme por tudo que aprendi na igreja de jesus Cristo . Sou uma das defensoras de ter a minha herança Mórmon present in my life. Jamais falaria mal da Igreja que tenho um amor muito grande, só estou dizendo que a questão de ser LGBTQ, foi algo que pesou muito em minha vida, como foi que tudo isso começou.

Eu tinha 7 anos de idade, imagina só uma criança nesta idade, fui criada por meu pai que era militar e minha mãe extramente católica, nós nem víamos televisão, era somente aos domingos, eu não sabia de nada, só sabia que criança brincava e pronto. Um dia meu pai deixou a gente escutar o rádio e estava passando uma novela de rádio e falava de uma mulher que abraçava e beijava o seu namorado e eu estava ouvindo o rádio com a minha amiga e neste momento eu senti pela primeira vez o desejo de beijar , mas nem sabia o porque eu estava tendo aquele desejo de tão inocente que eu era. Mas este acontecimento a partir dali mudou completamente a minha vida, eu já não era mais a mesma pessoa. Aos 12 anos eu senti uma coisa parecida que tinha sentindo lá trás.

Naquela época eu tinha medo até de respirar e de alguém saber o que eu estava pensando? eu nem sabia o que era aquilo, não entendeu porque na época não tinha revista, internet, nunca tinha ouvido falar, até os meus 15 anos de idade. “Você é pederasta” era assim que os gays eram chamados naquela época e outra vez eu ouvi alguém falando “mulher Sapatão”, Eu pensei, isso não deve ser legal eu não quero ser isso não.

Foi nesta época nos meus 15 anos que eu descobri o que eu sentia que começou todo o meu sofrimento, eu me enclausurei, tinha medo de respirar e como as pessoas descobriram o que eu estava pensando. Então eu peguei a cosmici para vestir uma túnica de outra pessoa, uma identidade que não era a minha, ali eu entendi que eu estava escondendo a minha verdadeira identidade. Então eu namorei eu conheci a igreja, fiz missão eu noivei a três dias do casamento eu cancelei, mas continuei com a túnica de outra pessoa. Eu já não suportava aquilo e decidi vir embora para São Paulo e quem sabe que eu poderia encontrar minha verdadeira identidade ou uma outra túnica melhor a que eu estava usando. Eu só queria sair daquele deserto, mas ainda em São Paulo eu descobri que eu ainda não poderia tirar porque o peso era tão grande, então eu continuei e absorvi mais cargos e mais poder dentro da igreja, porque eu considerava que eu ainda poderia ligar aquela túnica e eu continue na igreja e não deixei e continue mentindo e usando uma túnica que não era minha e manter uma identidade que não era a minha.

Eu tinha uma experiência com uma mulher, mas não eram coisas boas pois eu me sentia mal pois não me aceitava, então eu não insistia, por fim eu desisti de tentar.

Passou-se algum tempo e eu conheci a Viviane e começamos a ter um relacionamento, mas ainda sim eu não retirei aquela túnica, eu estava com a Viviane, mas cumpria rigorosamente minhas obrigações com a igreja.

Eu ia a igreja com meu amigo Jean e sempre conversávamos sobre as túnicas que escolher usando e como faríamos e assumiríamos nossas verdadeiras túnicas.

Eu segui a minha vida com a minha túnica. eu nunca tive desejo ou fez parte da minha vida cometer o suicídio, De tanto passar noites sofrendo e chorando e tanto sentir mal de não vestir a minha própria túnica e é muito recente na minha vida eu estar com a minha própria túnica a minha própria identidade .

eu perguntei ao Pai Celestial que sinceramente ele me dissesse o que eu vou fazer da minha vida, se ele me amava e me aceitava, e ele me respondeu aquele dia. Pode ter bom animo e levantar a tua cabeça que eu te aceito exatamente como você, como uma filha valiosa que não importa sua orientação sexual o que importa e a luz que você vai trazer par o mundo.

A partir daquele momento eu já não senti mais peso nenhum, esse peso ele saiu das minhas costas, eu não tenho peso sobre mim. Na ultima semana fez 14 anos que estamos juntas e 5 anos oficialmente casadas, casamos em 2014. E somos casadas e hoje realmente eu visto a minha túnica eu tenho a minha identidade.

A Afirmação apareceu em nossas vidas há 4 anos, ondeamos a desvencilhar a vida religiosa e buscar a nossa espiritualidade, mas o que acontece aqui é que eu perdi nos meus 40 anos, usando uma túnica e identidade que não era minha. eu tenho pouco tempo que eu uso a minha própria túnica e identidade. Tem pouco tempo que me reconheço como mulher lésbica, religiosa ou seja espiritualizada e acredito que o senhor, ou seja tenho certeza que o Senhor me exatamente com a minha identidade.

Em Eter 12: 4 nos diz que todos aqueles que crerem em Deus podem por segurança esperar por um mundo melhor, sim até um lugar a mão direita de Deus, esperança essa que vem pela fé, então eu sei que nós podemos, e nossa identidade é que vale, o mundo não importa o que importa é a gente viver exatamente quem a gente é.

Eu me arrependo muito de não ter usado a minha própria túnica em toda a minha vida, esse é o meu arrependimento, mas também não tinha muito conhecimento, eu fui criada de outra maneira, depois que eu abafei ainda mais comum na igreja.

Vamos vestir nossa própria túnica e sermos quem somos exclusivos.

 

 

 

 

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